quinta-feira, 25 de julho de 2013

Férias!

                                                                              www.facebook.com

Começaram as férias. Por aqui também vamos fazer uma pausa. Mas não vamos ficar parados. Já estamos a pensar em novas ideias para o nosso jornal digital. Voltamos em Setembro. Até lá, desejamos a todos os nossos leitores uma boas férias e...boas leituras!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Leituras ao sol

                                                                                   portalivros.wordpress.com

   Sou negro mas sou rei. Talvez um dia mande inscrever no frontão do meu palácio esta paráfrase do canto da Sulamina Nigra sum, sed formosa. Com efeito, haverá maior beleza para um homem que a coroa real? era uma certeza tão definitiva para mim que nem pensava nela. Até ao dia em que o loiro irrompeu na minha vida...
   Tudo começou quando da última lua de Inverno por uma advertência assaz nebulosa do meu principal astrólogo, Barka Mai. É um homem honrado e escrupuloso cuja ciência me inspira confiança na medida em que ele próprio desconfia dela.
   Sonhava no terraço do palácio perante o céu nocturno cintilante de estrelas onde perpassavam os primeiros sopros cálidos do ano. Após uma tempestade de areia que durara oito longos dias, era a remissão, e eu enchia os meus pulmões com a sensação de respirar o deserto.
   Um leve rumor advertiu-me de que um homem estava atrás de mim. Reconheci-o pela discrição da sua aproximação: não podia ser senão Barka Mai.
   - A paz esteja contigo, Barka. Que notícias me trazes? - perguntei-lhe.
   - Não sei quase nada, Senhor - respondeu.me com a sua prudência habitual -, mas este nada não to devo esconder. Um viajante vindo das nascentes do Nilo anuncia-nos um cometa. 
Gaspar, Belchior e Baltazar
Michel Tournier 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Leituras ao sol

                                                                                 www.caminho.leya.com

   Este livro partiu de duas ideias: em primeiro lugar, da minha convicção de que cada vez mais olhamos sem ver e ouvimos sem escutar. Depois, da minha crença de que o futuro da família está na transmissão trangeracional da sua história, tornada presente pelos testemunhos dos avós, agora ainda mais importantes perante a crise dos pais e da sua vida conjugal.
   A sociedade actual não favorece a pesquisa nem a reflexão. Vivemos tão depressa que uma investigação sobre a arqueologia da família parece condenada à partida. No entanto, são os jovens que nos fazem perguntas sobre o passado e que procuram, junto dos avós e de outros familiares mais velhos, as respostas que não estão logo ao seu alcance. Quando contactamos com uma criança que vive numa instituição e que, por essa razão, desde há muito está privada de um meio familiar estável, somos surpreendidos pelas perguntas acerca da sua família. Quando evitamos as respostas (por não termos dados ou por receio de traumatizar) as perguntas não acabam. Podemos mesmo dizer que quanto maior é a dúvida sobre o passado, mais perguntas surgem a questionar o presente.
A Razão dos Avós
Daniel Sampaio 
 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Leituras ao sol

                                                                                              www.oficinadolivro.pt
   Cada um traz dentro de si um desejo de tocar o limite do mundo. Um desejo de ser, uma vez na vida, um ponto solitário num espaço infinito. cada um tem dentro de si uma Patagónia por concretizar.
   Há vários pontos no planeta que permitem acreditar no fim do planeta. Que não permitem acreditar em mais nada. O que pode existir depois de um duna abandonada ao vento no deserto ilógico do Kalahari, senhor de todos os desertos do Sul do mundo? O que está para lá da linha do horizonte de Hiva Oa, uma das ilhas mais afastadas de qualquer outra massa de terra. um grão de areia no centro do oceano, um dos lugares mais isolados do planisfério? O que significa viajar cinco dias no comboio que atravessa lentamente a tundra siberiana, e ao sexto dia descer no primeiro apeadeiro possível, ficar parado à beira de uma linha ferroviária sem fim, e não voltar a subir?
   A vertigem do vazio habita dentro de nós. Pode passar despercebida na vida de todos os dias, no jaantar com os amigos, no trânsito engarrafado da hora de ponta, no centro comercial em época natalícia, na praia no Verão. Mas chega o momento que há gente a mais, ruído a mais, informação a mais, consumo a mais. Faltam tempo e espaço...
A Lua Pode Esperar
Gonçalo Cadilhe

terça-feira, 16 de julho de 2013

Leituras ao sol

                                                                                 diasquevoam.blogspot.com

   De manhã o general demorou-se muito na cave do lagar. Foi para a vinha de madrugada, com o vinhateiro, porque dois barris do seu vinho tinham começado a fermentar. Já passava das onze quando acabou o engarrafamento e voltou para casa. Debaixo das colunas do pórtico, cheio de bolor devido às pedras húmidas, esperava o guarda-caça, que entregou uma carta ao seu senhor que chegava.
   - Que queres? - disse ele, parando com um ar aborrecido. Puxou para trás o seu chapéu de palha, cuja aba larga lhe ensomnbrava inteiramente o rosto encarnado. Há alguns anos que não abria nem lia cartas. Um feitor abria e seleccionava a correspondência no escritório do caseiro.
   - Trouxe-a um mensageiro - disse o guarda-caça que aguardava hirto.
   O general reconheceu a letra, pegou na carta e meteu-a ao bolso. Entrou no vestíbulo fresco e em silêncio entregou o chapéu e a bengala ao guarda-caça. Procurou os óculos no bolso interior, aproximou-se da janela e, na penumbra, à luz que vinha das frestas das persianas semicerradas, começou a ler a carta.
As Velas Ardem Até Ao Fim
Sándor Márai

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                              www.leyaonline.com
QUARTA-FEIRA, DEZ DA NOITE
   - Deixa-me ver o teu telemóvel. Vá l´...
   - Toma!
Continuei de óculos na ponta do nariz, maquinal, a vasculhar nos papéis. As crianças não me conheciam, mas vinham, à socapa, mergulhar o rosto no meu colo. O telemóvel tinha mel.
   - Traz doze jogos, sabias?
   - Não - respondo, desinteressada, como que a enxotá-lo. Mas o rapaz não se dá por vencido.
   - Tens quantos anos? 
   - Quarenta.
Era a primeira vez que me perguntavam a idade depois de passar essa meta triunfal. Olhei de esguelha para o rapaz e pousei a caneta. Ele insistiu:
   - Tens quarenta? E quantos netos?
   - Netos?
   - Sim, netos. A minha mãe tem trinta e nove e já tem sete netos. Sabes jogar este? - aponta para o visor.
   - Não. Não percebo nada de jogos. Queres ensinar-me?
   - Bute. Mexes aqui e ele morre, mexes ali e ele come o outro.
Adopta-me
Maria João Lopo de Carvalho

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Reuniões de Conselhos de Turma

                                                                          caosderh.blogspot.com


 AS REUNIÕES TERÃO LUGAR NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CALDAS DE VIZELA

3ª feira, 16 de Julho de 2013
09:00 - 6ºB / 9ºA
10:00 - 6ºC / 9ºB
11:00 - 6ºE / 9ºE
12:00 - 6ºA / 9ºC
14:30 - 6ºD / 9ºD


Bom fim de semana!!!!

                                                                                              www.espalhafactos.com

Um livro por dia...

                                                                                          www.wook.pt

   Encontrei-o na garagem numa tarde de domingo. Foi no dia seguinte à nossa mudança para Falconer Road. O Inverno chegava ao fim. A minha mãe dissera que nos mudávamos mesmo a tempo de aproveitarmos a Primavera. Não estava lá mais ninguém. Só eu. Os outros encontravam-se dentro de casa com o Dr. Morte, preocupados com a bebé.
    Estava deitado na escuridão atrás dos baús de chá, na poeira e na terra. Era com se ali tivesse estado sempre. estava sujo, pálido e muito magro, e eu pensei que estivesse morto. Quanto a isso, não poderia estar mais enganado. Em breve comecei a entender a verdade a seu respeito, a perceber que nunca tinha havido outra criatura como ele no mundo.
   Chamávamos garagem àquele lugar porque era assim que o agente imobiliário, o Sr. Stone, lhe chamava. Mas parecia mais uma área de demolições, uma lixeira ou um daqueles armazéns antigos que estão sempre a ser deitados abaixo, no cais, do que outra coisa. Stone levou-nos ao jardim, empurrou a porta a apontou a luz da sua pequena lanterna eléctrica para o escuro. Nós enfiámos as cabeças no vão da porta, como ele.
 O Segredo do Senhor Ninguém
David Almond 
   

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                            www.sitiodolivro.pt

   Eu estava na linha en garde, ligada ao gravador electrónico de pontos, que registaria os meus pontos (caso tivesse a sorte de fazer alguns). Saudei o meu adversário descontraidamente e concentrei-me. Bem, concentrei-me tanto quanto era possível a uma rapariga que está prestes a enfrentar um dos rapazes mais giros do mundo.
   O Eades é o melhor colégio de rapazes "bem" que existe em Inglaterra, e os seus alunos sabem-no. A realeza, os bons, os melhores e os ricalhaços de todo o mundo enviam os seus filhos para Eades para serem educados na arte do charme sem esforço e aprenderem a exercer os seus privilégios. Suponho que lhes ensinem problemas matemáticos difíceis, Latim e também um pouco de Grego, mas as outras escolas também. É o charme sem esforço e o exercício dos seus privilégios que os distingue...e o facto de todo e qualquer rapaz de Eades ser espantosamente giro. desconfio que o exame de admissão que têm que fazer inclui um teste à sua beleza física.

Finalmente Encontrei o Meu Príncipe Encantado
Tyne O' Connell
 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                              viv-omundoencantadodoslivros.blogspot.com

NAELA

Uma mulher bela
Mora na nevoeirenta Londres  
É a elegante e bonita Naela
Quem a vê parece-lhe azougada
Quem a conhece e fala
Fala com uma mulher terna e delicada
Apaixonada pela sua cidade, Lisboa
Muitas vezes sente-se
Em Londres a saudade soa
Pela bendita e solarenga capital
A cosmopolita Lisboa
Como cidade mais pequena
Não fará mulheres grandes
Trabalha na cidade do Big Ben serena
Sendo do signo balança
Embora de mente impulsiva
Tem serenidade e delicadeza de criança
Feminina sensual e azougada
Pela sua prosa diria irreverente
Será fruto de mulher delicada e amada
Assim é a sensível Naela
Essa mulher idolatrada
Em Londres é consultora
Ao seu trabalho dedicada
Naela é uma grande senhora

Poemas de um Homem Só
Daniel Costa

terça-feira, 9 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                            quintaessencia.com.pt

As gémeas Melina e Gillian Lloyd são praticamente iguais, ambas empresárias de sucesso e solteiras. Mas numa coisa são diferentes: Melina é impulsiva, enquanto Gillian gosta de ponderar bem as suas decisões. Além disso, Gillian quer um filho. Sentindo o relógio biológico a avançar inexoravelmente, opta por se submeter a uma inseminação artificial, utilizando esperma de dador anónimo. A história começa no dia em que ela faz a inseminação. Nesse dia, Melina acompanha, na sua qualidade de relações públicas, o coronel da NASA Christopher "Chefe" Hart à cerimónia de entrega de um prémio. Mas terá sido mesmo Melina? A vida do coronel choca, depois interliga-se, com a das gémeas. Uma partida aparentemente ionfensiva acaba em catástrofe. Na manhã seguinte a terem trocado identidades, Melina recebe uma notícia terrível: a irmã fora brutalmente assassinada - e o coronel, apesar de inocente, é o principal suspeito. O que parece de início ser um homicídio de fácil resolução acaba por conduzi-los às montanhas do Novo México onde um louco, cujos planos diabólicos requerem a substituição de Gillian por Melina, está a criar uma "nova ordem mundial". Mesmo que seja apenas parcialmente bem-sucedido, as consequências serão catastróficas e afectarão o mundo inteiro.
Vidas Trocadas
Sandra Brown 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                              www.bulhosa.pt

Para te sentires em grande forma só tens de te mexer! Descontrai-te, respira fundo, relaxa as articulações e deixa-te levar pelo vento. Sozinho, a dois ou em grupo, descobrirás neste livro tudo para brincar e sentir, tocar, ouvir, cheirar, ver e provar... Numa só palavra, jogos para te exprimires dos pés à cabeça!
Jogos com Pés e Cabeça - 100 Jogos Desaconselhados a Criaturas Insensíveis!
Lise Martin
 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Com o fim de semana à porta...

Em Vizela no Sábado



e também na Biblioteca Municipal Fundação Jorge Antunes
"Sábado na Biblioteca" a partir das 15:30.

www.metronews.com.pt
 
Em Guimarães no Sábado

                                                                     www.guimaraes2012.pt


Vai estar muito calor este fim de semana. Prevê-se que a temperatura máxima vá subir. Vai ser convidativo estar na praia. Mas atenção! Os índíces de raios ultravioletas estarão muito elevados, em alerta vermelho. Aconselha-se muito protetor solar, chapéu, evitar as horas entre o meio-dia e as 16:00 horas e, não se esqueçam de beber muitos líquidos. De preferência, água. Bom fim de semana!



Tomada de Posse do professora Abílio Costa como Diretor do Agrupamento

No dia 2 de Julho, pelas 18:00, o professor Abílio Costa foi empossado como Diretor do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela. A sessão foi conduzida pela professora Conceição Martins, Secretária do Conselho Geral e contou com a presença do Presidente da Câmara de Vizela, Sr. Dinis Costa, do Presidente do Conselho Geral, professor Carlos Alberto Costa e do Diretor do Centro de Formação Martins Sarmento, professor António Leite. A ideia predominante no discurso dos vários intervenientes foi a necessidade de todos trabalharem para o mesmo objetivo: a unidade do agrupamento e a promoção de um ensino de qualidade, tendo sempre como objetivo central a formação integral e integradora dos seus alunos. Conhecendo o professor Abílio Costa e a sua equipa, como já conhecemos, não duvidamos que o caminho  a percorrer será o mesmo,que já foi iniciado há uns bons anos atrás. Desejamos-lhes todo o sucesso e reiteramos o nosso apoio neste percurso que pertence a toda a comunidade.

Literacias, Leitura e Digital, os Desafios da Escola Atual - Ação de Formação


"Porquê que o meu filho/ aluno não gosta de ler? - Notas sobre a cultura da leitura" foi o mote para a intervenção da professora Teresa Silveira, licenciada em História, ramo educacional, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e docente da Faculdade de Engenharia da mesma universidade. Este pequeno excerto da intervenção de Teresa Silveira veio de encontro a reflexões que têm sido feitas pela equipa da Biblioteca Escolar. Vale a pena fazer a promoção da leitura? Sim! É fundamental! No entanto, só faz sentido se tiver uma continuidade para além daquele momento específico. O seu sucesso depende de uma cultura de leitura que deve ser iniciada desde o nascimento da criança, tendo necessariamente que envolver os pais e toda a comunidade educativa.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                                   www.wook.pt

   Junho, final de tarde. No consultório abafado de paredes cinzentas o médico pigarreou e preparou-se para representar a cena que conhecia de cor.
   - Não há dúvida. Estas grávida. Diria que de cerca de cinco meses.
   A rapariga não respondeu. Na verdade, era muito pouco provável que ainda não soubesse.
   - Por isso, nada de deixar de comer. Tens de manter as forças. Afinal de contas, tens que comer por dois.
   Ela continuou sem responder. Ele recostou-se na cadeira a estudá-la. Ela era linda: cabelo loiro arruivado, traços delicados, olhos de um azul-pálido e sem aliança. A mão pequena esfregava o lábio inferior. A blusa branca e a saia pelo joelho faziam-na parecer a criança que ainda era. O seu nome era Anna Sidney e estava a três meses de completar dezassete anos. Ele lera tudo isso na ficha dela. E outras coisas também.
   - O pai é soldado?
   Um gesto de assentimento.
   - Ainda cá está?
   - Não.
   - Sabes onde ele está?
   Pausa. A mão continuava a esfregar o lábio. - Não.
   Ele abanou a cabeça, conhecendo bem a história. Rapariga ingénua e ávida de romance conhece soldado assanhado de falinhas mansas e, seduzida, perde a virgindade e muito mais. Alguém tinha-lhe dito uma vez que uma mulher aprendia a desejar o homem que a amava, ao passo que um homem aprendia a amar a mulher que desejava. Só que a alguns homens custava-lhes muito a aprender.
A Menina dos Meus Olhos
Patrick Redmond
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Reuniões PTT (Plano de Trabalho de Turma)

                                                                                   caosderh.blogspot.com

6º feira, 5 de Julho de 2013
09:30 - 5ºB / 7ºC / 8ºF
10:30 - 5ºA / 7ºA
11:30 - 5ºC / 8ºC
14:30 - 5ºD / 8ºB
15:30 - 5ºE / 8ºA
16:30 -  8ºE
2ª feira, 8 de Julho de 2013
09:30 - 7ºE
10:30 - 7ºD
11:30 - 7ºF
14:30 - 7ºB
15:30 -  8ºD
  

Tomada de Posse do Diretor do Agrupamento.

Decorreu ontem na Escola Secundária de Vizela, a tomada de posse do novo Diretor do Agrupamento, professor Abilio Costa. Assim que possível publicaremos reportagem mais alongada.

Um livro por dia...

                                                                                       www.presenca.pt

   Soube que tinha acontecido algo de irreparável no instante em que um homem veio abrir a porta daquele quarto de hotel e vi a minha mulher sentada no fundo, a olhar pela janela de um modo muito estranho. Foi no meu regresso de uma curta viagem, apenas quatro dias por um assunto de trabalho, diz Aguilar, e garante que ao partir a tinha deixado bem. Quando saí não havia nada de esquisito com ela, ou pelo menos nada fora do habitual, certamente nada que anunciasse o que ia acontecer-lhe durante a minha ausência, a não ser as suas premonições, claro está, mas como podia Aguilar dar-lhes fé se Agustina, a sua mulher, está constantemente a prever desgraças, ele tentou por todos os meios chamá-la à razão mas ela não dá o braço a torcer e insiste em que tem desde criança aquilo a que chama um dom dos olhos, ou visão do vindouro, e só deus sabe, diz Aguilar, como isso transtornou as nossas vidas. Desta vez, como todas as outras, a minha Agustina previu que algo iria correr mal, e eu, como sempre, ignorei o seu prognóstico; saí da cidade numa quarta-feira, deixei-a a pintar de verde as paredes do apartamento, e no domingo seguinte, ao regressar, encontrei-a num hotel do Norte da cidade, transformada num ser aterrado e aterrador que quase não reconheço. Não logrei saber o que lhe aconteceu na minha ausência porque se lho pergunto ela insulta-me, custa a querer quão feroz chega a ser quando se exalta, trata-me como se eu já não fosse eu nem ela fosse ela.
Delírio
Laura Restrepo
 

terça-feira, 2 de julho de 2013

ATL EB Enxertos


Vamos sentir a falta destes pequenotes... Mas, para já, ainda os temos cá. Estão a frequentar o ATL de Verão. Com um programa variado que engloba, não só, idas à piscina, à Penha e à Fundação Jorge Antunes como também a vinda aqui à escola de escritores para com eles conversarem. A escola deles está quase a estrear e, o próximo ano letivo já é lá que vai decorrer. Foi um prazer ter-vos cá e não se esqueçam de aparecer por aqui. Afinal, somos vizinhos!

Um livro por dia...

                                                                                                       www.fnac.pt


Se a vida fosse perfeita, ou melhor, se a vida fosse justa, provavelmaente não lhe chegaria uma, teria precisado de duas, pensou Filipe. Tinha o mundo a seus pés, literalmente. Sentado a uma mesa do bar, no último piso do hotel, quarenta andares acima da rua, voltou a cabeça para a direita e descobriu o seu rosto, a cantimetros, na janela panorâmica. Viu uma expressão melancólica reflectida no vidro. Era uma noite de Dezembro em Nova Iorque e, apesar do ambiente obscuro do bar, as lâmpadas fracas que pontuavam por cima do balcão circular, à sua esquerda, bem como a luz motiça que atravessava o abat-jour lacado em em azul-de-metileno, eram suficientes para o impedir de ver claramente os riscos luminosos das ruas traçadas à régua, cruzando-se e formando quadrados até ao fim de Manhattan, até ao buraco onde antes despontava o World Trade Center e agora havia o Memorial Site, até ao rio Hudson. Não vislumbrou a cidade, viu-se a si próprio. Sorriu, um reflexo da alma. A graduação dos óculos leves, discretos, aumentara acentuadamente ao cair dos quarenta - antes disso quase não os punha - e o cabelo, já ralo, usava-o muito curto.
Uma Noite em Nova Iorque
Tiago Rebelo 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                                www.culturminho.pt


   Todo o contador de histórias conta as histórias de que gosta, mesmo que nelas existam passagens que lhe desagradem. As que vais ler começam pelas aventuras de um Príncipe que viveu há quase mil anos, que quis ser Rei, fundar um País e conseguiu. 
   Seguem-se outras histórias de reis e de Rainhas que lhe foram sucedendo.
   Todos os peródos da vida humana têm vantagens e desvantagens. Ver ursos e javalis nas matas da Beira Baixa, como acontecia no tempo dos primeiros Reis, ou ser armado cavaleiro e participar em toeneios, ou ainda ser Rainha aos treze anos e reinar sobre numerosos súbditos, ouvir jograis e trovadores a cantarem poemas de amor, ao som dos seus alaúdes, devia ser bem agradável. No entanto, ter uma dor de dentes podia ser muito complicado, um caso para ser resolvido por um ferreiro com um alicate. Dentistas e anestesias, nesses tempos, não havia.
   Mesmo assim, há quem gostasse de ter vivido nos palácios reais ou de ter embarcado na aventura dos mares desconhecidos. Talvez haja também quem preferisse nascer no futuro e ir de viagem de férias ao planeta Marte!
Reis e Rainhas de Portugal
Maria de Lurdes Marcelo