sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Livros da nossa biblioteca

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Um sábado, quando tinha nove anos, Helen ames foi até à cave, sentou-se à mesa de jogo que a mãe usava para dobrar a roupa lavada e começou a escrever. Escreveu sobre as frágeis cabeças de dente-de-leão que disseminavam as suas sementes, sobre as vozes dos pais que lhe chegavam de noite, vindas do quarto, sobre o monte de moedas que uma vez encontrou num campo de relva; e depois, finalmente, sobre a morte por afogamento de um dos seus colegas do quarto ano, numa lagoa cheia de algas. Ela tinha testemunhado as tentativas de reanimação e havia certas imagens que não conseguia esquecer: a camisa às riscas do rapaz, as suas calças ensopadas, a porcaria viscosa de um amarelo-esverdeado no seu cabelo, o relógio Davy Crockett que continuava a fazer tiquetaque no seu pulso. Do seu ponto de vista privilegiado, Helen conseguia ver o ponteiro dos segundos a girar incessantemente, medidndo agora algo diferente das horas da vida de um rapaz.
Porto de Abrigo
Elizabeth Berg

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