sexta-feira, 8 de março de 2013

Livros da nossa biblioteca

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Três anos passaram, ela aprendeu Geografia e Matemática, começou a acompanhar as novelas na televisão, leu na escola as suas primeiras revistas eróticas, e passou e escrever um diário falando da sua vida monótona, e da vontade que tinha de conhecer aquilo que lhe ensinavam nas aulas - oceano, neve, homens de turbante, mulheres elegantes e cobertas de jóias. Mas como ninguém pode viver de vontades impossíveis - principalmente quando a mãe é costureira e o pai trabalha na lavoura - logo percebeu que devia prestar mais atenção ao que se passava à sua volta. Estudava para vencer, ao mesmo tempo que procurava alguém com quem pudesse partilhar os seus sonhos de aventuras. Quando completou quinze anos, apaixonou-se por um rapaz que conhecera numa procissão da Semana Santa.
   Não repetiu o mesmo erro da infância: conversaram, ficaram amigos, passaram a ir ao cinema e às festas junto. Também notou que, da mesma forma que tinha acontecido com o menino, o amor estava mais associado à ausência do que à presença da pessoa: sentia a falta do rapaz, passava horas a imaginar o que iria dizer no próximo encontro, e relembrava cada segundo que tinham estado juntos, procurando descobrir o que tinha feito de errado.
Onze Minutos
de Paulo Coelho  

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