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"Chamavam-lhe o indiozinho. Era pequeno, franzino, o corpo chegava a parecer-se com o dos pássaros, leve e macio, havia quem jurasse que também tinha asas, sobretudo quando o viam subir aos ramos mais altos das árvores e a sua voz se fundia no canto do vento.
O seu nome, porém, era Índigo. Tinha uma pele de veludo azulada e dois olhos liláses, profundos, que lhe enchiam a cara de brilho e lhe tornavam translúcida a alma. Ainda não completara dez anos, mas já era tão sábio que todos os habitantes da aldeia lhe pediam conselhos.
Índigo sabia falar a língua dos animais e na língua das fadas, sabia o nome dos astros, nadar como os peixes, escrever poesia, pintar, plantar buganvílias, decifrar adivinhas...
A sabedoria maior, no entanto, era a facilidade com que via a alma de cada pessoa e a habilidade com que a tornava mais leve, mais cheia, mais forte ou apenas mais clara, dependendo do que sentia que cada uma mais precisava."
em Índigo - O Mistério do Rapaz de Luz
de Inês de Barros Baptista
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