quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um livro por dia...

                                                                                    contraculturaaplicada.blogspot.com
    
   Em 1998, EU AINDA MORAVA EM COIMBRA. Comprava pão na padaria que ficava ao fundo da rua, comprava o jornal num quiosque, debaixo de uma arcada, onde o dono estava sempre a falar de motas. Agora, recordo-me desses anos como uma espécie de séria antiga, o Dallas, a Dinastia, com a diferença grande de o Bobby, o J.R. ou a Sue Ellen serem pessoas que existem, que têm a sua própria memória. Num ano, a vida pode mudar radicalmente. Em dez anos, a vida pode transformar-se noutra vida. No entanto, a árvores crescem indiferentes, continuam no Jardim da Sereia, a respirar sobre a Praça da República. Entretanto, a minha sobrinha, criança que nasceu numa noite de sexta-feira, tem 22 anos e termina o curso em Coimbra, numa cidade que, de certeza, é bastante diferente daquela em que vivi durante dois anos. Entretanto, o meu filho, nascido na Maternidade Daniel de Matos em 1997, tem crescido, cruzando-se com as minhas memórias, mas sem as reconhecer.
   O meu filho mais pequeno, nascido em Cascais em 2004, quer sempre ir comigo buscar o mano. Primeiro, existem duzentos quilómetros em que vamos sozinhos. Temos conversas longas sobre gormitis ou skates de dedos. Pode também pedir-me para pôr um CD de música assustadora, que é como ele chama ao heavy metal. Entre os seus preferidos, encontram-se os primeiros discos de Obituary.
Abraço
José Luís Peixoto 

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