Era domingo. Dia de missa e de futebol. de carne ao almoço e tolerância de ponto ao acordar. Dia em que nada acontece e o sono tem mel.
- Hussi...São horas de levantar - gritou o pai, Abdelei, ao mesmo tempo que levava as mãos sobre os oljos para se defender da claridade.
Hussi nem sequer pestanejou um despertar, continuou a dormir como uma pedra esquecida, ensanduichado entre os irmãos Totonito e Tuasab, a saia da mãe, a dona Geca, a aconchegar-lhe os pés, os braços de Doskas, o caçila da família, entrelaçados aos seus.. ainda só ia no terceiro sono, a meio de um sonho cor-de-rosa, deslumbrado a ver asua bicicleta voar com a elegância de uma borboleta, escoltada por duas imponentes águias reais, perseguida por um cortejo de andorinhas faladoras.
- Vem comigo - a campainha da bicicleta falou-lhe ao ouvido
- Para onde?
- Não faço ideia.
- Então porque é que queres que vá contigo?
- Porque és o meu melhor amigo.
- Mas preciso de saber para onde!
- Não te basta saber que vais comigo?
- Também...
- E então?
- Então o quê?
- Vens ou não?
- Tenho medo de cair.
- Ora essa...quem tem asas não cai.
Comandante Hussi
Jorge Araújo
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